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56 cirurgias plásticas são feitas por dia no CE

cirurgia plásticaNas bancas de revistas, capas estampam um padrão de beleza: corpos perfeitos, magros, bonitos e jovens. É a receita pronta da felicidade. Mas, para atingir esse ideal de perfeição, qual preço você estaria disposto a pagar? Na busca por “corrigir” possíveis “imperfeições”, a quantidade de procedimentos atinge índices alarmantes. Prova disso é que 56 cirurgias reparadoras são realizadas por dia no Ceará. São 130 profissionais em todo o Estado. Cada um faz em torno de três procedimentos por semana, totalizando 1.700 cirurgias mensais.

Com 65%, as mulheres saem na frente. São elas as que mais buscam esse tipo de recurso. Já a faixa etária predominante é de 35 a 45 anos. As lipoaspirações lideram o ranking, elas correspondem a 40% dos procedimentos, seguida da cirurgia de mama (seja para aumentar ou diminuir), pálpebras e nariz.

O caso da modelo Andressa Urach, 27, chama a atenção pelo excesso. Por causa de complicações na aplicação de uma prótese de hidrogel na perna, ela segue internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de Porto Alegre, e respira com a ajuda de aparelhos.

Assim como Andressa, milhares de meninas se submetem a procedimentos na busca para manter o corpo perfeito. A maior parte por motivações puramente estéticas. Especialistas destacam as situações nas quais a cirurgia plástica são indicadas e alertam para os riscos, sobretudo no caso de procedimentos realizados em clínicas clandestinas.

“Vários produtos são aplicados por leigos e, quando a pessoa chega ao hospital já é com complicações”, afirma Afonso Ribeiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) Regional Ceará. Ele esclarece que qualquer material colocado no corpo humano tem que ser compatível com a estrutura orgânica, ter um grau de pureza – para evitar contaminações – e o volume deve ser adequado às estruturas anatômicas.

No caso do utilizado na modelo (hidrogel), Ribeiro afirma que trata-se de um produto que não é reconhecido pela SBCP. Ele acrescenta que a cirurgia reparadora deve ser feita para buscar uma harmonia entre as estruturas corpóreas. Por isso, destaca que a busca desenfreada por procedimentos cirúrgicos às vezes não corresponde à estrutura corporal. “Dizem que o cirurgião é o escultor aprisionado pela capacidade circulatória dos pacientes. Sempre temos que levar em conta a irrigação sanguínea daquela estrutura corporal para evitar complicações”, salienta.

Complicações

A dançarina de uma banda de forró Antônia Edilane Rocha de Araújo, 23, já passou por três aplicações similares, todas elas nas coxas das pernas. Porém, desde que fez a última, há cerca de cinco meses, começou a ter problemas de saúde. Chegou a ficar 15 dias hospitalizada. “Ninguém sabia que era por causa disso, nem eu”, afirma, ainda internada na enfermagem de um outro hospital. A dançarina não corre risco de morte.

Assustada com o caso de Andressa e com o seu próprio estado de saúde, Edilane garante que aprendeu a lição. “Não faria de novo e nem aconselho ninguém. Deus me deu essa oportunidade para eu aprender, foi um alerta”, frisa. Ela justifica que o procedimento estético acaba sendo uma obrigação para se manter no perfil, para continuar naquela posição. “Mas não vale a pena, vaidade demais mata”.

A psicóloga e psicanalista Sabrina Matos destaca que esse tipo de comportamento sinaliza um descomedimento e até um certo narcisismo. “A pessoa que se acha o ‘rei da cocada’ na verdade é extremamente carente e precisa da afirmação do outro. É a idealização de um corpo que vai me trazer felicidade? Que tempo é esse?”, questiona.

A especialista acrescenta que trata-se de uma tentativa de não se deparar com a imperfeição, própria do ser humano. “Narciso, quando se depara com a própria imagem e se encanta, morre”, observa. Mas até onde vai esse narcisismo? Sabrina diz que quando há excessos, cabe ao profissional orientar que não é o caso de uma cirurgia plástica, mas de um terapeuta.

Fonte: Diário do Nordeste.

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